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  PINTAR À PISTOLA

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  De maneiras que este fim-de-semana aconteceu o seguinte.

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  Estava eu pacatamente de pistola em punho a analisar a disposição de todo o material que eu tinha instalado para começar a pintar, quando após ter ligado o compressor que fazia um basqueiro do caralho e a ventoinha na janela que provavelmente deve ter sido roubada de alguma sucata de aviões da Segunda Guerra Mundial, tal era o seu tamanho, eu tive uma reacção inesperada.

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  Talvez pelo barulho do compressor ou então da ventania que me enregelou completamente - eu desconhecia que tinha de usar um fato térmico - acabei por sentir os dedos trémulos enquanto segurava a pistola que estava a usar para pintar a cozinha.

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  É claro que a coisa correu mal. Não só a tinta borrou o tecto que não estava vedado como ainda aconteceu algo ainda mais extremo, que foi a tinta escorrer em três sítios diferentes provavelmente por excesso de pintura.

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  Verifiquei aquilo com um olhar intrigado, mas este incidente não me criaria qualquer tipo de apoquentação não fosse o facto de a tinta que eu tinha comprado já estar a acabar e eu ter feito mal as contas para os metros quadrados que iria precisar.

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  Que diabo, já a coisa não estava a correr bem e a auto-estima estava a começar a ficar abalada, quando o mais extraordinádio aconteceu.

  Quando terminei e a miuda entrou no recinto, disse-me com cara de espanto:

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  -"Então mas isto não está brilhante!"

  -"Não está brilhante?! O que queres dizer com isso?"

  -"Não se vê? Não está brilhante, não brilha."

  -"Ora bolas, tu queres ver? Mas tu queres lá ver isto?!..."

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  Ao que parece eu devia ter misturado um endurecedor ou lá o que é, àquela porcaria.

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  Foda-se... Obras de trazer por casa é o que dá!

  Sabem de uma coisa? Preciso de relaxar e dar uma foda urgentemente, pah!...

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