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  As eleições europeias estão aí, e vou aqui fazer uma breve análise do que se tem passado e do ambiente político criado que tem antecedido estas eleições e também vou analisar alguns dos episódios caricatos que foram acontecendo ao longo das últimas semanas de campanha e pré-campanha.

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  A começar claro, com os acontecimentos ocorridos no 1º de Maio com Vital Moreira. Já muito se disse e falou e comentou acerca do que se passou, mas ainda há gente que continua a insistir nisto e portanto, eu que ainda não me pronunciei, vou fazê-lo agora.

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  Os partidos e os vários actores da cena política ainda trocam acusações entre si.

  O PCP acusa o Bloco de Esquerda de ter apagado digitalmente uma pessoa que esteve envolvida também nos incidentes do 1º de Maio; o Bloco por sua vez, nega que tivesse alguém e que se tivesse, que expulsava imediatamente essa pessoa do partido; o Vital Moreira exige um pedido de desculpas ao PCP; o PCP exige um pedido de desculpas ao PS...

  Eh pah... Quer dizer, tenham lá calma!

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  Eu não acho que aquilo que aconteceu deva ter assim tanta relevância como acabou por vir a ter, ofuscando desta forma o próprio 1º de Maio.

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  A comparação que Vital Moreira fez com a Marinha Grande e com aquilo que aconteceu com o Mário Soares em 1986, é totalmente absurdo.

  Em primeiro lugar, Vital Moreira não é Mário Soares.

  Em segundo lugar, os tempos são outros. Temos que recordar que em 1986 o país estava dividido claramente em dois blocos, e aí sim, a Democracia era muito recente e tudo estava muito quente.

  Em terceiro lugar, as eleições não eram as Europeias, mas sim Presidenciais.

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  É evidente que o que aconteceu é condenável, enfim, não vale a pena voltar a falar sempre no mesmo. Todos os actos violentos devem ser condenados de uma maneira clara.

  Mas também, bolas pah... também não assistimos a uma batalha campal.

  Assistimos a uns empurrões, a umas asneiradas e uma garrafa de água das pequenas que voou.

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  E é preciso ver uma coisa.

  As pessoas que lá estavam, são pessoas que têm emoções e são feitas disso, e tenho que reconhecer que, mesmo não fazendo parte de mim este tipo de convicções políticas, o Partido Comunista tem uma militância das mais fortes dos partidos políticos portugueses por isso mesmo. Porque vivem aquilo com mais emoção e acreditam e sacrificam-se muitas vezes pelo partido que muitos consideram quase como que uma 2ª família.

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  Não sejamos ingénuos... Vital sabia que isto podia acontecer.

  Como sabia aliás, que poderia ter sido agredido quando foi festejar o 25 de Abril ao Funchal...

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  E portanto, aqui, se queria passar uma imagem de um homem de coragem, então conseguiu cumprir esse objectivo.

  Pronto, Vital é um homem de coragem.

  Mas nós já sabíamos isto. Eu já sabia que Vital era um homem de coragem, até pelo seu passado político mais longínquo de luta. Não precisava de provas para perceber isso.

  Agora, ele não pode dizer, sobretudo por conhecer muito bem a história e a cultura do Partido Comunista de que fez parte, que ir cumprimentar Carvalho da Silva nos festejos do 1º de Maio, com tantos desempregados no país, depois de um passado de dissidência do Partido Comunista, ele não pode dizer que isto não poderia acontecer.

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  Ele sabia que isto podia acontecer e tanto sabia que tentou capitalizar imediatamente.

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  E portanto, eu creio que também no meio disto tudo, acaba por ser extraordinário que o Bloco de Esquerda venha logo dizer que expulsava militantes se lá estivesse alguém.

  Para um partido dito de revolucionário, isto também tem muito que se lhe diga.

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  E por isso, o meu apelo é este:

  Meus senhores, vamos lá fazer política e deixemo-nos de mariquices.

  Isto é uma loucura e é ridículo... e nós não podemos morrer de ridículo.

  Não podemos cair todos no ridículo porque é o sistema que está em causa... é a própria Democracia!

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  Eu creio que os nossos políticos, depois com aquele episódio da «Maizena», em que o Ministro Pinho veio atacar o Paulo Rangel dizendo laconicamente que este teria ainda que comer muita papa, muita farinha maizena para chegar aos calcanhares de Basilio Horta só por ter apresentado um plano de emprego de jovens portugueses no estrangeiro, os nossos políticos podem mesmo morrer de ridículo.

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  A acrescentar a isto, temos o episódio lamentável do não entendimento para a escolha do provedor. Nascimento Rodrigues renunciou ao cargo ontem numa tentativa de obrigar os partidos a entenderem-se. Vejam bem... São outras pessoas que «obrigam» estes políticos a cumprirem com as suas obrigações. É no mínimo inacreditável.

  E porque é que os partidos querem tanto escolher a sua figura política para este cargo? Há alguma intenção de manipulação dessa figura e do cargo para evitar futuros constrangimentos aos seus governos? É esse o entendimento que os partidos têm da função do provedor de Justiça em Portugal?

  Querem eles, afinal, um Provedor para os cidadãos ou ao serviço dos partidos?

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  E vem agora Vital Moreira com este discurso do BPN e da ligação ao PSD!?

  Quer dizer... não me entendam mal!... Eu acho que há de facto elementos do PSD lá metidos que são ladrões, sim senhor. Mas atenção que isto pode não ter a ver só com os partidos ou, digamos, não se deve atribuir aqui unicamente uma conotação de âmbito partidário nesta questão, porque se assim for então esta acusação feita por Vital pode ser um autêntico boomerang, já que o PS também está metido... há imensa gente do PS lá embrulhada no caso do BPN.

  E portanto, esta ideia de associar o PSD ao BPN apenas para tirar dividendos políticos no curto prazo, pode ter custos políticos elevados na qualidade da nossa democracia e na participação dos cidadãos na regeneração da actividade política em Portugal no longo prazo.

  E mais... se associarmos esta ideia à Lei do Financiamento dos Partidos Políticos recentemente aprovada, e que vai aumentar a permissividade e a opacidade das contas dos partidos, aprovada por iniciativa política do PS e com o voto favorável e unânime dos restantes partidos, eu diria que a palavra "roubalheira", proferida por Vital Moreira, ficará muito bem em todos eles e não apenas no PSD.

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  E este é o discurso populista que Vital Moreira tinha à muitos anos guardado numa gaveta e que agora na campanha eleitoral e sob pressão, recuperou.

  No fundo, a verdadeira face de Vital chega finalmente à tona nesta campanha.

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  Eu acho que nós, como país, como cidadãos e principalmente como políticos, temos urgentemente, que revitalizar o discurso político e começar a falar de coisas sérias, sob pena de depois não podermos apelar a que as pessoas participem e votem nas eleições sejam elas quais forem, por estas deixarem simplesmente de acreditar num sistema democrático totalmente describilizado por políticos incompetentes, corruptos, infantis e irresponsáveis.

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  Porque não sejamos ingénuos. Com este cenário montado, receio mesmo que no dia das eleições as pessoas, em vez de irem votar e exercer o seu acto cívico, prefiram ir para a praia e ter uma tarde bem passada.

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