Quinta-feira, 11 de Dezembro de 2008

A Avaliação dos Professores e a Educação

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  Acusaram-me recentemente de ter uma linguagem um pouco chocante e de não acrescentar nada à blogosfera. Não é que não concorde, porque até concordo mas, porque fui «picado», vou hoje arranjar um compromisso com essa malta e por breves momentos vou pôr a linguagem chocante de lado e sair deste mundo do quase-faz-de-conta para vos chocar com um pouco de realidade, daquela realidade que faz do nosso país aquilo que ele é e que aparentemente ninguém vê ou ninguém quer ver...

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  Posto isto, debrucei-me sobre os problemas maiores do nosso país... O que fazer em relação aos problemas da Justiça, da Saude e da Educação?!

  Pois é, os anos vão passando e é sempre a mesma coisa. Essa é uma cantilena de que já estou cansado, e por isso não queria abordar aqui porque no fundo nada se faz.

  Mas a bem da Nação vou falar.

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  Por exemplo: A Educação...

  A Educação neste momento é um campo de batalha de natureza mais ou menos política.

  O Governo está a ver para que lado é que caem as famílias. Se as famílias caírem contra os professores, o Governo fala grosso... Se as famílias começarem a rosnar contra o Governo, o Governo baixa a bola, e os professores é a mesma coisa.

  Aquilo varia o tom de acordo com a populaça ou daquilo que os intervenientes pensam que é populaça.

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  Depois vem o primeiro-ministro e diz que não se pode comprar a paz social a qualquer preço...

  Quer dizer, o primeiro-ministro diz isto... e os portugueses querem saber disto para alguma coisa? Primeiro era preciso que eu e todos vocês levassem a sério alguma coisa que ele diz. Estas tiradas jornalísticas para tentar fazer passar a mensagem de santinho, não interessam nada a ninguém porque isso não é ser político. Isso não é sequer de Homem... É de coitadinho... De político coitadinho que se quer manter no poder a qualquer preço, qual jovenzinho de 17 anos e borbulhas na cara que é capaz de dizer seja o que for para dar uma queca no povo inocente e romântico que somos...

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  Para mim, todo este problema da Educação reside numa única questão que é a seguinte:

  Nós temos escolas onde não se aprende.

  As crianças entram e saem quase na mesma... No programa da RTP, Prós e Contras, de muito barulho e pouca substância, apareceu lá uma professora que foi a única que falou do problema a sério. Foi uma tal de Drª. Isabel Fevereiro que disse o seguinte:

  -"Bom, eu vou dizer-vos o que é um professor...um professor é uma pessoa, que está à frente de um aluno que não sabe ler nem escrever... que tem ao lado dele um que sabe escrever o nome e pouco mais... e atrás um que sabe escrever e ler."

  Isto é a representação do que há nas escolas, em nome da chamada Escola Inclusiva. E este modelo de Escola Inclusiva, traduz-se em colocar lá o pessoal e fechar o portão. E depois chega às cinco da tarde ou coisa que o valha, e vem tudo para o olho da rua.

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  Como os alunos não têm que fazer exames, eles não têm que estudar. Como os alunos não têm que estudar nem têm que fazer os exames, estar a exigir professores de grande cotação, é uma tolice... Não é?!... ... Ora pensem lá bem nisso!

  Porque se todos os professores de Portugal fossem catedráticos, eles ensinavam rigorosamente o mesmo àqueles alunos, a mesma coisa... ou se calhar até menos porque tinham menos paciência para aturar aquela tropa.

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  Portanto isto está tudo deslocado, a discussão sobre o "Eu sou pela Avaliação", ou "Eu sou pelas Aulas de Substituição" mas onde vai um professor de matemática ensinar em vez de outro, onde um de francês vai ensinar em vez de outro... E não um professor de geografia que fica a tomar conta de uma turma numa aula de Português. "Eu sou pelo Inglês no Básico", mas não sei se aquilo é pra levar mesmo a sério... E o "Magalhães" é outra fantochada...

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  Portanto os verdadeiros problemas da Educação que deveriam estar a ser discutidos que são os programas, os exames, e depois disto sim, os professores, e a disciplina... nada disso se trata.

  Nada de relevante se discute e a própria agenda da ministra que está errada, foi a razão primordial que a meteu neste sarilho político.

  A Ministra, sem impôr disciplina na escola, não lhe interessa o professor para nada. Ela quer grandes professores... Eu também, mas para quê?! Chegam lá os meninos e fazem o que lhes dá na cabeça, insultam, batem, partem a carteira, e não acontece coisa nenhuma... Vale a pena ter lá o grande professor?... Ele não está para aturar aquilo!... Nem ele nem ninguém!

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  Tem de haver uma verdadeira agenda para a Educação.

  E quando se fala em dar mais autonomia às escolas, é voltar a errar o alvo no que diz respeito à discussão do problema. Eu sou contra a autonomia das escolas porque isso seria no fundo, descentralizar a bandalheira.

  Cabe ao Ministério definir programas, exames de 3 em 3 anos ou de outra frequência que se entenda definir, mas exames feitos no exterior por entidades independentes como a Sociedade Portuguesa de Matemática para os exames de Matemática, por exemplo, e não, exames feitos pelo Ministério da Educação para depois haver boas notas, e só depois é que se vai exigir aos professores, porque nem eu nem ninguém leva a sério estes exames que o Ministério da Educação faz, e como não levo a sério os de Matemática, não levo os de Português, os de Química, Física e todos os outros!

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  A Sociedade tem a obrigação de dar condições para toda a gente que quer estudar e deve-o garantir desde a 1ª classe até ao Doutoramento. Quem tem capacidade e quer, o Estado deve garantir e a sociedade tem que lhes dar essas condições... Este é o grande princípio que aliás está plasmado na Constituição da nossa Republica, e que ninguém dá importância nenhuma a começar pelos próprios políticos que deveriam dar o exemplo... Nós como sociedade, devemos dar essas garantias e tentar que vão tão longe quanto possível.

  Aqueles que não querem ir tão longe, tem que se arranjar umas saídas, como por exemplo, electricista, carpinteiro, etc... Porquê? Porque é legítimo que eu não queira ser doutor. Eu tenho é de saber alguma coisa, não é sair de lá um idiota, um analfabeto como saem.

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  Todo o ensino está canalizado para a Doutorice, não foi ainda criada uma verdadeira estrutura de ensino técnico como já existiu. Eliminou-se algo que funcionava em nome da doutorice, em que todos um dia haveriam de ser doutores. Por isso agora há aí desempregados aos pontapés... A quantidade de licenciados sem ter nada para fazer é absolutamente incrível.

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  Portanto a Educação e toda esta discussão à sua volta está completamente errada. Tudo é uma miséria, os manuais são uma miséria, onde até há citações de novelas dos moranguinhos a servir de base para textos de estudo... Quer dizer... está tudo dito!

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  No outro dia, li aqui na internet uma notícia segundo a qual um atleta olímpico ou não sei quê, andou numa "nova oportunidade" uns meses, e fez o 12º ano e agora vai seguir Medicina... ... ... Quer dizer, o Homem andava aí distraído, disseram-lhe meta-se numas "novas oportunidades", o homem meteu-se lá e agora entra em Medicina... É bom fixar o nome para não ter o azar de nos calhar esses e outros como ele mas ninguém nos livra disso poder acontecer...

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  Quer dizer, isto é tudo uma trafulhice de A a Z, e é isto que uma verdadeira oposição deveria estar a discutir e a lançar para o debate, mas não o faz porque ou concorda com o que o Governo anda a fazer, ou nem sequer tem ideias próprias...

  As televisões ficam obcecadas com a jogada de marketing político do "Magalhães" que ocupou muito espaço e visibidade para encobrir estas reais discussões e ninguém vê nada e ninguém quer saber de nada.

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  Enfim, estou como o outro...  E assim vai o País e o Mundo... E quem vier a seguir que feche a porta, não será o Sócrates que com certeza vai fechar.

  Espero não ter chocado muito os mais sensíveis por ter mostrado a realidade tal como ela é. Voltarei à linguagem mais chocante já de seguida...

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