Um tipo quando calha de ir a uma sapataria para homens, não faz a mínima ideia da alhada em que se vai meter.
Primeiro é uma data de gajos a experimentar sapatos...
Tira sapato, mete sapato, troca sapato, ai este tá grande, ai este é pequeno, ai este aleija... ALTO E PÁRA O BAILE!... Aleija? Foda-se! Mas que raio de macho efeminado diz esta merda?
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Esta javardice de conviver numa sala cheia de gajos a falar estas rotices pela boca fora enquanto estes se descalçam e temos de respirar aquele ar avinagrado de chulé a inundar tudo à nossa volta, não é exactamente sinónimo de um bom ambiente. Mais valia montar a puta da sapataria ao lado de uma estação de tratamento de esgotos.
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E ter de experimentar os sapatos novos?
Já repararam que quando experimentamos e damos uns tantos passos com os ditos, raramente são confortáveis e conseguem ter o dão de nos fazer parecer uns autênticos "zombies"?
- "Sim, mestre. Estes parecem-me bons" - qual Frankenstein com o rosto inexpressivo de quem pressente que está prestes a fazer um mau negócio.
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E os espelhos?
Aqueles de 30 centímetros que estão colocados nos rodapés dos bancos? Mas afinal que ângulo é aquele? Será que serve pra sabermos o que os gatos vão pensar dos nossos novos sapatos? Será que nos irá informar se o cabrão do cão da vizinha vai querer ou não marcar o seu novo território?
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E até já estou a imaginar.
Um tipo vai na rua e encontra um amigo e pergunta:
- "Hei, gostas dos meus novos sapatos?" - enquanto levanta a aba das calças, flectindo a perna e inclinando ligeiramente o pé para o lado.
- "Ah, sim, são muito bons. Eu já os tinha visto por esse ângulo na sapataria."
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- "Foda-se! Ai, já!?..."
- "Já..."
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- "Então... ... Cala-te!... Caralho pró caralho, pá!...
Estes gajos, foda-se!..."
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