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Eu estive no outro dia numa dessas novas farmácias da treta que agora existem nos hipermercados, a tentar arranjar um medicamento para a gripe.
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Já alguma tentaram fazer isto nesse tipo de farmácias? Não é fácil. É que vendo bem, tu dás de caras com uma parede. É uma parede inteira cheia de medicamentos, e tu estás ali de pé, a olhar prá parede, tipo boi a olhar pra uma parede... de uma farmácia:
-"Ora muito bem, ora muito bem... ora... muito bem. Ok... mas que merda, páh - este é de acção rápida, mas este é de acção prolongada. Ora muito bem, quando é que eu preciso de começar a sentir-me melhor, agora ou mais tarde?"
É uma questão difícil.
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E está sempre a dar na televisão anúncios aos medicamentos onde mostram o que é que está mal com o paciente que aparece no spot publicitário. Não é? Eles mostram sempre isso, como que pra nos elucidar de quais os problemas de que o indíviduo padece.
Aliás, em primeiro lugar mostram uma figura do corpo humano, que é normalmente o mesmo gajo que aparece na embalagem final do produto. Uma figura de perfil, sem cara, e com a boca aberta... é assim que as companhias farmacêuticas veêm o seu público-alvo.
E o raio do boneco está sempre com dores. Eles mostram isso com uma representação gráfica feita através de linhas vermelhas onduladas que passam pelo corpo, ou então através de um brilho vermelho intenso e cintilante nas partes doridas do corpo do indivíduo que parecem estar em fogo... ou isso ou então um relâmpago que de repente lhe ataca os dentes ou o estômago.
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Eu, sinceramente, nunca fui a um médico que me tenha alguma vez perguntado:
-"Está a sentir alguma dor?"
-"Sim, estou a sentir."
-"E está a sentir algum relâmpago juntamente com a dor?"
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