O QUE É SER "MARICAS"
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1 - Ir à Feira do Livro. É maricas!
Para quê gastar trinta ou quarenta contos em livros quando se pode ir à Ovibeja e trazer uma ovelha para casa?
Ir à feira é acordar bêbado às sete e meia da manhã, calçar umas galochas, pôr uma broa debaixo braço e ir à Feira da Cebola ou à Fatacil. Ou, aos sábados de manhã, pegar na carrinha e ala para a Feira de Recauchutados e Rações nas traseiras da Siderurgia Nacional.
Feira pressupõe porrada, chouriços e bonés. Não é cá livros do dia e gajos de óculos e sessões de autógrafos.
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2 - Conduzir com as duas mãos no volante. É maricas!
Então se os "cóbois" conseguem laçar um búfalo com uma mão, porque é que um homem há-de precisar das duas para agarrar o volante? O último sítio onde um homem precisa de ter as duas mãos é no volante.
O volante só serve para duas coisas: desviar ou buzinar. De resto, a mão direita é para andar livre, para poder mexer na coxa que vai ao lado, sintonizar a rádio no relato de futebol e dar calduços nos miúdos.
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3 - Passear cães com trela...
Os cães é para andarem soltos.
Passear um cão é uma actividade de risco. O giro é não saber nunca se o cão vai voltar a casa, esfacelar um polícia ou ser atropelado por um comboio.
Trelas é para miúdos e não há mais conversa.
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4 - Gostar de Fado de Coimbra. É maricas!
O fado é para ser cantado em tascas por tipos que só conhecem sete letras do abecedário e que julgam que tremoços é marisco.
E o fado não é cá para falar de amores de estudante. O fado é para contar histórias com velhas, estropiados, pescadores, prostitutas, sarjetas e vinho tinto.
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5 - Combinar encontros com homens à porta de cafés, cinemas ou centros comerciais.
"Ai vem ter comigo à porta da pastelaria "Mirita"?! ".
Eu não me encontro com um homem à porta de sítio nenhum. Homem que é homem marca encontros é na estrada para Cabanas, no quilómetro dezasseis junto ao cão morto. Mais nada!
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Ora foda-se!...
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