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Tenho uns tipos na família que... eh pah, nós não somos assim lá muito chegados.
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Como é que eu hei-de dizer isto! Se a minha vontade fosse levada a cabo, era corrê-los à pedrada assim que lhes pusesse a vista encima, basicamente é isso.
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Mas prontos, dei comigo num dia destes, no meio de um pequeno buffet nocturno onde estava também essa manada e nem sei como mas, lá estava eu a conversar amenamente com esta gentalha numa sessão de hipocrisia pura e dura a ver quem é que se aguentava mais tempo à bronca.
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Bonito jogo este, muito parecido com aquele que jogávamos quando éramos putos, cujo objectivo era permanecer o máximo de tempo sem nos rirmos, e isto sem tirarmos os olhos uns dos outros. Lembram-se?
Pois bem, aqui a unica diferença é que temos de fazer tudo exactamente ao contrário! Tentar esboçar um sorriso amarelo pelo máximo de tempo possível ou pelo menos não nos matarmos uns aos outros com a ajuda de barrotes de madeira de alicerces ou motoserras de jardinagem... Sim, isso já não seria muito mau...
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Mas o problema aqui é que quando estamos a jogar este jogo da hipocrisia e da provocação insidiosa no nível "advanced", devo confessar que talvez por não ir aos treinos ou pelos oponentes que enfrento serem já "experts" naquela actividade, me começam a fraquejar as forças e a probabilidade de me saltar a tampa aumenta exponencialmente (que é uma palavra que eu há muito que andava com vontade de a escrever aqui e hoje finalmente consegui) e claro que, como já devem calcular, foi exactamente isso que aconteceu.
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Já estava a ficar um pouco tonto naquele ambiente e a sentir picadelas ao fundo das costas, talvez do mau olhado ou dos bonecos vudus, quando esse boi - que não tem outro nome que faça verdadeiro juz àquele trombril - apesar de nunca me ter dado um presente na puta da vida dele, vir perguntar-me em tom de provocação e de gozo, à frente da vaca da mulher dele e de mais algumas chocas pertencentes à mesma ganadaria, porque é que eu não lhe tinha dado um presente pelo Natal conforme era tradição eu dar (Já estão a ver que a gente não se encontra muito amiúde para discutir estas merdas).
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Eh pah, segurem-me que eu vou agorinha mesmo partir-lhe a tromba tooodinhaaa e juro que pego nos pauzinhos das espetadas e cravo-as nas costas daquele cabrão em bom estilo de bandarilheiro, e faço-o mesmo sem haver música da gaita e da fanfarra, pois eu cá não preciso de fum-fum nem gaitinhas para espancar esta besta de metro e meio e no fim ainda lhe cortar uma orelha e metê-la numa grafonola antiga que tenho cá em casa e que até lhe falta o funil para se ouvir música.
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Foooda-se!... Respira fundo, vá...
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Este cocó de merda que não passa de um pau mandado da mulher, vem-me agora com esta conversa ensaiada para cima de mim. E principalmente depois do que ele me fez, a mim e aos meus pais?! (Talvez mais tarde conte aqui esta história...) Ai é?! Então toma lá esta:
-"Ouve lá oh meu labrego, não te dei... nem te dou mais nenhuma prenda?!
-"Porquê?!..."
-"Eh pah, alguém que me segure que ainda vou amassar a corneta deste gajo! O ultimo presente que te dei, lembras-te? Tu ainda nem sequer tiveste a dignidade de fazer uso dele!...
-"... ... mas... mas não estou a perceber! Qual presente que me deste?!"
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-"Atão?!... A lage funerária, caralho!..."
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