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Já estamos tão massacrados com o rótulo da música que gostamos que a nossa sensibilidade a esse tipo de crítica é irracionalmente levada a um extremo apenas comparável àquelas disputas por meio palmo de terra nos campos das aldeias, que eram rapidamente resolvidas com o vizinho através de uns tiritos de caçadeira. Coisa sem importância, portanto.
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Se mais algum filho da puta vem pr'aqui dizer que eu não devia gostar deste tipo de música por ser uma música parola, ou por ser isto ou aquilo, tá feito comigo. Só não leva um tiro porque aqui no blog não podemos usar armas de fogo, e porque já tenho muita concorrência aqui dada pelos gangs do Porto e também porque me confiscaram a arma... Senão...! Já sabiam!... Fuego!...
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De resto, quero lá saber disso... eu gosto da música pimba porque me alegra e me diverte em feiras populares situadas nas aldeias mais remotas deste nosso país, com tipos a cair de bêbados pelo chão enquanto os cães vadios lhes mijam encima.
E tudo, ao mesmo tempo que vemos velhas gaiteiras a apalpar jovens de 16 anos enquanto fingem que dançam e nos rimos daquela merda toda com uma cervejola numa mão e a outra no bolso a tocar ao bicho por causa daquela tipa boa com'ó milho que se está fazer a nós, mesmo nas barbas do marido, também ele podre de bêbado.
E tudo isto, enquanto um outro bêbado nos vai contando a história da vida dele ao ouvido, mesmo quando não percebemos patavina do que ele está a dizer devido ao barulho incrivelmente ensurdecedor das colunas de som descalibradas e acenamos vigorosamente que sim com a cabeça, como que a concordar com o que o tipo está a dizer.
Este cenário de caos mais ou menos organizado com uma harmonia perfeita entre festa de arromba com sinais visíveis de declínio, é para mim - que sou um comtemplador - absolutamente arrebatador.
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E lá vou eu dançar com a tal tipa em plena terra batida em frente ao palco, ao som de José Malhoa com a música "Aperta, aperta com ela".
E eu lá apertava...
Gosto sobretudo das dançarinas que o acompanham. Bastante talentosas e quase tão boas como a filha dele. E a tipa que dançava comigo também pertencia à mesma estirpe, com uma pequena diferença... é que tinha uma boca grande como a Moura Guedes o que neste caso, só pode ser um bónus.
Epah, bestial!...
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E depois ainda há tipos que escarnecem desta música que no fundo representa um pouco do nosso Portugal mais profundo.
Não o podemos negar nem esconder e sobretudo, não o podemos negar a quem faz parte dele e gosta de lhe pertencer.
E se há coisa que nós, amantes da música pimba odiamos, é que nos digam o que deves ou não deves gostar.
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Porra, estou a ficar farto disto. Primeiro, tiram-me os cigarros, depois a minha arma ilegal, agora é a minha música.
Qualquer dia já nem sequer posso tocar à punheta, queres ver!?...
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Um certo dia, entrei numa qualquer repartição de finanças para tratar de assuntos burocráticos e reparei que me tinha...
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