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Gosto como certas pessoas olham para mim.
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Aqueles olhares desaprovadores, com uma faísca de maldade, a certeza absoluta e empirica de serem superiores. Se lhes faz falta, sintam-se melhor assim.
Discutam mais uma banalidade, resfolguem de gozo babado num chiqueiro de demagogia, o que nós queremos é mesmo isso, ouvir as palavras caras que fazem doer e metem medo.
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Penso em vinganças; cuspir na cara de alguém, correr sobre tubos e condutas numa cidade que eu nunca vi, com pó cinzento no ar, pequenas lojas falidas encaixadas por baixo de prédios mais negros que o céu, deixar os outros para trás de propósito para me perder primeiro que todos.
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Carrego comigo os objectos que vou encontrando, como aquela montra encontrada num sitio pouco comum, vejo os que estão por trás de mim, tristes. Há que correr para nunca se ser o último, para haver sempre alguém em pior estado, mais tetraplégico, mais doente, com menos sorte que vive a vida de maneira a fazer com que o resto se sinta melhor com a sua pouca sorte.
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Posso ter um fato desses?
Ser igual aos outros senhores?
Esconder os olhos atrás dessas lentes escuras, sim?
Posso?... ...
Sabe bem ver o mundo passar?
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Venho a correr pelos terraços, o cheiro das casas dos outros à minha volta, por cima o céu com a noite vestida.
Páro para ouvir os barulhos que sobem nas chaminés; que vidas mesquinhas. Mas a minha é pior, com o Demónio ao lado... Dar conselhos, para quê?
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Olhem para mim assim, como vocês gostam de me ver, e pensem que por um minuto eu ocupo a escuridão dos meus olhos fechados a olhar de volta para vocês.
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E sabe bem...
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