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Cheguei lá e encontrei-me com ela, chamava-se Angélica, e de anjo não tinha nada, ou talvez, mas não. Dentes para fora do reduto convencional dos maxilares, olhos esbugalhados, com órbitas à deficiente mental, e algum cabelo arrumado lá atrás das orelhas enormes. Um rato almiscarado! Ou Rata...
Imaginei-me a espatifar-lhe o nariz - humm, isso queria eu...
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-"Cara Angélica, venho aqui, porque tenho a carta de condução caçada, e não só..."
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-"Não só, não só?" - repetiu-se.
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Repastei nos seus tiques orais... uma autêntica deficiente do caralho. Retorqui-lhe com classe (mas mais rápido): "Sim... Não... Sim... Não..."
Parei... Ri-me - mais para dentro do que para fora.
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A tipa não estava preparada para uma rotina com excepcões; tinha que ocorrer algo assim - pensava ela - logo hoje que não me apetecia fazer nada... Gajas do funcionalismo público é assim, falham como as notas de 500.
Mas quando disse Sim... Não... Sim... Não... Senti um click no peito da Angélica.
É verdade... um click com uma tal sincronização de expelição da alma que me arrebatou... TiC TAC TiC TAC...
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Os vapores... O perfume XS que tinha posto de manhã cedo a seguir ao banho.
Os ouvidos... A minha voz profunda e melodiosa que encanta a mais puta das serpentes.
E por fim a alma, já tinha lido a teoria. O vapor a sair pelos ouvidos fora. "Enfim. Pago para ver".
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E é então que o meu sonho sofre uma terrível mutação; de sonho estúpido e esquizofrénico, passa a pesadelo estúpido e esquizofrénico.
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Ela inicia o suícidio... 1... 2... 3... Booom...
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...e a rata arrebentou.
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-"Tragam gelo!" - Gritei. De repente senti-me como se estivesse num serviço de urgência hospitalar. Senti-me como se de um especialista me tratasse e por isso pensei que podia aproveitar as córneas dela, ganhar algum, enfim, já estava a ver os cifrões, verdinhos na minha mão, a caminho da carteira.
Cuspi na mão, para escorregarem melhor... Ok, já os tenho dentro do copo com gelo, mas agora é que são elas.
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Lá fora estão uns 40 graus. Detesto deixar o ar condicionado. A senha de atendimento marcava um 220...
Saí fora do gabinete, e gritei pelo 221, era um rapaz pequenino.
-"Vá lá, entra." - E apalpei-lhe o cú - gosto sempre de estudar a auto-estima destes merdas, saloios de aldeia que vivem na cidade.
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Derrapei com o carro, saiu-me o tampão. Ora foda-se!...
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E acordei repentinamente do sonho...
Eram 3 horas e estava a transpirar.
Bebi 2 litros de água morna, porque precisava de mijar.
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Eh lá!... Tu queres lá ver que... eh pah fiz uma rima?!
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